Tomografia computadorizada pode ter risco na gravidez – 09/09

Mulheres que se submeteram a exames de tomografia computadorizada (TC) podem ter um risco ligeiramente maior de perda gestacional e defeitos congênitos em gravidezes posteriores ao exame, de acordo com descobertas de um grande estudo canadense.

O aumento do risco é pequeno e depende do número de tomografias computadorizadas que as mulheres realizaram antes de engravidar, diz a autora principal do estudo, Camille Simard, do Hospital Geral Judaico em Montreal.

Entre mais de 5,1 milhões de gravidezes em Ontário, Canadá, entre 1992 e 2023, 687.692 eram de mulheres que haviam sido expostas à radiação de tomografias computadorizadas um mês ou mais antes de conceber, segundo um relatório do estudo publicado no Annals of Internal Medicine.

A taxa de perda gestacional devido a aborto espontâneo, gravidez ectópica ou natimorto em mães que haviam realizado uma tomografia computadorizada antes da concepção foi de 117 para cada 1.000 gravidezes. Para aquelas que fizeram duas, ou pelo menos três tomografias, a taxa foi de 130 e 142 por 1.000, respectivamente. Isso em comparação com 101 perdas gestacionais espontâneas por 1.000 após nenhuma tomografia computadorizada anterior.

Após considerar os fatores de risco individuais, as chances de perda gestacional foram 8% maiores em mulheres que haviam feito uma tomografia anterior à gravidez, 14% maiores em que fez duas tomografias e 19% maiores em quem fez três ou mais exames, descobriram os pesquisadores.

As taxas de perda gestacional foram ligeiramente maiores em mulheres cujas tomografias anteriores envolveram o abdômen, a pelve e a parte inferior da coluna, regiões mais próximas dos ovários.

Metade dos exames havia sido realizada quatro ou mais anos antes. O risco de perda gestacional aumentou à medida que o momento da tomografia mais recente se aproximava da data da concepção, também descobriram os pesquisadores.

O padrão foi semelhante para defeitos congênitos, com 62 por 1.000 em bebês de mães sem tomografia anterior, 84 naqueles com uma tomografia anterior, 96 com dois exames e 105 após três ou mais exames.

Assim como os raios-X, a tomografia computadorizada usa radiação ionizante, mas em uma dose significativamente maior.

O estudo não pode provar que as tomografias computadorizadas causaram perda gestacional ou defeitos congênitos, e os resultados não devem impedir o uso de imagens de TC quando indicado, disseram os pesquisadores.

Eles observaram, no entanto, que os folículos que protegem os óvulos nos ovários “podem ser vulneráveis a danos da radiação ionizante a qualquer momento, inclusive muitos meses ou anos antes da concepção”, resultando em mutações genéticas e alterações cromossômicas no óvulo não fertilizado que podem ter consequências após a fertilização.

“As implicações deste trabalho são profundas”, escreveu Seth Hardy, da Penn State Health em Hershey, em um editorial que acompanha o estudo.

Estudos anteriores descobriram que mais de um terço dos exames de diagnóstico podem ter sido desnecessários, observou Hardy.

A mensagem para os médicos, diz Simard, é usar as melhores práticas existentes.

“Siga critérios de adequação ao decidir entre TC, ultrassom e ressonância magnética, seja cuidadoso com o uso de TC em mulheres jovens e comunique claramente aos pacientes por que a TC é a melhor opção para o caso específico deles”, recomenda ela.

Autoria: FLSP
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