Canadá perde anos de progresso na luta contra o sarampo – 13/11/2025 – Equilíbrio e Saúde

O Canadá perdeu oficialmente seu status de país que eliminou o sarampo, o vírus altamente infeccioso que era considerado erradicado no país desde 1998, anunciou a agência federal de saúde na segunda-feira (10).

Embora tenha havido alguns surtos limitados nas últimas décadas, a doença ressurgiu em outubro de 2024. Ela se estabeleceu em várias províncias e se espalhou por mais de 12 meses consecutivos, o limite estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para que um país perca seu status de eliminação.

O Estados Unidos e o México também experimentaram surtos que adoeceram milhares de pessoas ao longo de vários meses. Seus status de eliminação estão em risco se os casos de sarampo continuarem a se espalhar dentro desses países um ano após o surto inicial.

Os Estados Unidos, que relataram mais de 1.600 casos, atingiriam esse marco em janeiro e, para o México, com mais de 4.000 casos, seria em fevereiro.

Outros países com surtos ativos são Belize, Bolívia, Brasil e Paraguai.

Pode levar vários anos para que os países recuperem seu status de eliminação, diz Alvaro Whittembury, especialista em imunização da Organização Pan-Americana da Saúde. Ele apontou o exemplo do Brasil, que perdeu seu status em 2019, interrompeu a propagação endêmica em 2022 e recuperou seu status em 2024.

Como o Canadá chegou a esse ponto?

Uma combinação de taxas de vacinação em queda e um choque entre política e políticas de saúde pública na era pós-pandemia contribuíram para o surto no Canadá.

Em todo o Canadá, 79% das crianças de 7 anos estavam totalmente vacinadas contra o sarampo em 2021, o ano mais recente para o qual há dados disponíveis, uma queda em relação aos 83% em 2019. Isso é muito inferior ao limite de 95% que os especialistas dizem ser necessário para impedir a propagação do vírus.

A maior concentração de casos no Canadá ocorreu em Alberta, uma província ocidental que tem enfatizado as liberdades pessoais para rejeitar a vacinação. Políticos e autoridades de saúde entraram em conflito em abril, quando o principal médico da província renunciou justamente quando o vírus estava ganhando novos focos no Canadá.

Comunidades menonitas culturalmente conservadoras têm sido um foco do surto, de acordo com Marina Salvadori, pesquisadora de doenças infecciosas pediátricas e consultora médica da Agência de Saúde Pública do Canadá. Historicamente, esses grupos têm sido menos propensos a aceitar vacinas, embora o governo não tenha fornecido dados demográficos precisos sobre os casos.

O vírus eclodiu em alguns outros lugares com comunidades menonitas significativas, incluindo o oeste do Texas, nos Estados Unidos e em Chihuahua, no México.

Especialistas em saúde pública no Canadá estão preocupados que o sarampo seja um prenúncio do retorno de outras doenças, como a poliomielite, que anteriormente eram consideradas controladas.

“O sarampo é o canário na mina de carvão devido à sua fenomenal transmissibilidade”, diz Brian Ward, professor que estuda doenças infecciosas na Universidade McGill em Montreal.

Quando um país perde seu status de eliminação de doença, toda a região das Américas também é vista como tendo perdido seu status. A designação é feita por um grupo independente de especialistas da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), um escritório regional da OMS que representa 35 países nas Américas.

O que o Canadá está fazendo agora?

Uma porta-voz da ministra da Saúde do Canadá, Marjorie Michel, diz que ela está “acompanhando a situação de perto” e trabalhando com autoridades de saúde provinciais. Maddison McKee, porta-voz do ministro da saúde da província, observou que os novos casos haviam caído para um dígito nos últimos meses.

“Autoridades de saúde pública implementaram campanhas de vacinação direcionadas, ampliaram o horário das clínicas e lançaram divulgação em toda a província”, escreve McKee em um email. “Desde março, mais de 130.000 vacinas contra o sarampo foram administradas em toda Alberta —um aumento de 50% em comparação com o mesmo período do ano passado.”

Para recuperar seu status de eliminação, o Canadá terá que mostrar que não teve propagação endêmica do vírus durante 12 meses consecutivos.

Para isso, dizem os especialistas em saúde pública, o Canadá terá que aumentar o alcance da vacinação.

“É realmente a melhor ferramenta em nosso arsenal para acabar com um surto”, diz Shelly Bolotin, diretora do Centro de Doenças Preveníveis por Vacinas da Escola de Saúde Pública Dalla Lana da Universidade de Toronto.

Autoria: FLSP

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