Carlinhos de Jesus celebra evolução de tratamento: Desafio – 12/11/2025 – Equilíbrio e Saúde

Carlinhos de Jesus, 72, é um dançarino que não pendura as sapatilhas. Menos de seis meses após descobrir uma doença autoimune que reduziu seus movimentos, o coreógrafo segue trabalhando, dando aulas e até sambando.

No último domingo (9), o artista apareceu de pé no programa Domingão com Huck (TV Globo), onde atua como jurado da Dança dos Famosos. Também publicou vídeos sambando durante sessões de fisioterapia. “Já estou andando, já consigo me levantar e caminhar. Só em longas distâncias me canso, então ainda uso uma cadeira motorizada”, conta à Folha.

Em julho, Jesus sentiu fortes dores no quadril e, ao procurar atendimento médico, descobriu uma bursite trocantérica bilateral e uma doença autoimune: a polirradiculoneuropatia inflamatória desmielinizante crônica (PIDI). É esta última que causa perda de força muscular e redução dos movimentos, segundo especialistas.

“Até pouco tempo eu não sabia o que seria da minha história. Tinha dois caminhos: ficar de pé, vencendo isso, ou travado em uma cadeira de rodas. Não foi fácil, mas coloquei uma coisa na cabeça: o que tiver que ser, será. E tenho que estar preparado”, afirma.

O dançarino contou também que chegou a encomendar uma cadeira de rodas adaptada para dança e avisou à parceira: “Vamos ter que ensaiar assim, porque esta será a minha realidade”. Agora o jogo virou.

O que é PIDI

Segundo o neurologista Diogo Fernandes, da Sociedade Brasileira de Neurologia, a PIDI é uma neuropatia periférica —doença que atinge os nervos do sistema nervoso periférico. Trata-se de uma condição autoimune causada por desmielinização, ou seja, a perda da bainha de mielina, estrutura responsável pela transmissão de estímulos nervosos.

“O principal sintoma é a fraqueza muscular progressiva, que acomete os membros superiores e inferiores. O paciente pode apresentar também formigamentos, câimbras e perda de sensibilidade”, explica o médico. Nos casos mais graves, há necessidade de apoio para caminhar, podendo evoluir para o uso de cadeira de rodas.

A doença é tratável, principalmente quando o diagnóstico é precoce.

As terapias incluem corticosteroides, imunorreguladores e imunoglobulina humana, medicamento que controla a resposta autoimune. “Com tratamento adequado, a maioria dos pacientes apresenta boa recuperação e retoma a capacidade de andar”, afirma Fernandes.

O coreógrafo se trata com medicamentos e fisioterapia. José Vicente Martins, fisioterapeuta responsável pelo tratamento, diz que trabalha com base na Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), técnica que estimula os grupos musculares de forma integrada.

“Carlinhos precisava ganhar força, estabilidade e treinar a marcha para voltar a dançar, sua grande paixão. Fazemos exercícios específicos e hidroterapia duas vezes por semana”, diz o fisioterapeuta.

Segundo Martins, o artista mantém uma postura exemplar durante as sessões. “Ele é disciplinado, determinado e muito comprometido. Não falta, faz tudo com dedicação e bom humor.”

Carlinhos de Jesus, por sua vez, atribui à dança a disciplina que o ajuda a enfrentar a doença.

Ele conta que tem sido recebido com carinho pelos colegas de trabalho e pela família. O Festival de Dança de Joinville, ele diz, exigiu sua presença, fosse de pé ou sentado. “Eu pensei: caramba! Com cadeira de rodas eu posso trabalhar. Aí me deu um ânimo e comecei a programar a minha aula para o maior festival de dança do mundo.” Assim foi, e ele deu aula sentado.

“Cada dia, para mim, é um desafio. Agora eu vou sentindo os resultados. Eu levantava cada perna com muita dificuldade, mas a mensagem chegava lá. Com os dias, os ângulos iam aumentando e, hoje, eu consigo ficar em pé”, diz o dançarino, com esperança de voltar a sambar e novamente cruzar a avenida.

Autoria: FLSP

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