O governo Lula pretende usar a crise da contaminação de bebidas alcoólicas por metanol para intensificar a disputa política com a gestão Tarcísio de Freitas, apontado como possível adversário do petista nas eleições de 2026.
Como parte dessa estratégia, integrantes do Ministério da Justiça já projetam novas operações da Polícia Federal (PF) de combate a adulteração de bebidas, sobretudo no estado administrado por Tarcísio.
Na quinta-feira (2/10), a PF e o Ministério da Agricultura realizaram uma operação conjunta de fiscalização em indústrias de bebidas nas regiões de Sorocaba, no interior paulista, e da Grande São Paulo.
Foi a primeira ação do governo federal após ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ter anunciado a abertura de inquérito da Polícia Federal sobre o caso, na segunda-feira (30/9).
A ideia do governo Lula é usar essas operações para tentar expor o que avaliam como uma suposta falha do governo Tarcísio na área de segurança pública, tema caro ao eleitorado brasileiro em geral.
Metanol e o PCC
Nessa estratégia, a PF tem apostado na linha de que o esquema de adulteração de bebidas pode ter conexão com a operação que combateu o uso de postos de combustíveis para lavagem de dinheiro pelo PCC em São Paul.
“Depois da operação dos combustíveis, muitos caminhões não conseguiram entregar nos postos e enxarcou o estado de combustível ilegal. Como não podiam devolver, esse combustível pode ter caído em mãos erradas. Há uma suspeita forte disso”, relatou à coluna uma alta fonte do governo Lula que acompanha o tema.
Na terça-feira (30/9), o próprio diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, admitiu que o órgão investiga a ligação do crime organizado com a adulteração de bebidas com metanol, possibilidade descartada pela gestão Tarcísio.
Embora o governo paulista também esteja tocando investigação própria sobre o tema, auxiliares de Lula argumentam que a expertise para lidar com o assunto caberia principalmente ao governo federal.
Segundo fontes do Ministério da Justiça, o único órgão capaz de descobrir a origem do metanol usado para alterar as bebidas seria o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.