Cinco descobertas promissoras no combate ao Alzheimer 2025 – 28/09

Se você é como muitas pessoas, talvez esteja ansioso sobre o risco de desenvolver demência à medida que envelhece.

O risco ao longo da vida de desenvolver demência após os 55 anos é estimado em 42%, de acordo com um estudo de 2025 com mais de 15 mil participantes. Estima-se que o número de americanos desenvolvendo demência a cada ano aumente de 514 mil em 2020 para cerca de 1 milhão até 2060.

Mas houve avanços empolgantes no diagnóstico e tratamentos para Alzheimer, que representa de 60 a 80% dos casos de demência, bem como na compreensão de suas causas biológicas e desenvolvimento. Cerca de metade dos casos de demência pode ser evitada ao abordar fatores de risco conhecidos, segundo um relatório da Comissão Lancet de 2024.

Com esses avanços, é importante “pisar no acelerador e realmente acelerar este trabalho”, diz Ronald Petersen, professor de neurologia e ex-diretor do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer na Faculdade de Medicina e Ciência da Clínica Mayo.

“Acho que estamos no limiar de causar um impacto significativo na qualidade de vida —na extensão da saúde, não apenas na longevidade”, diz ele.

Aqui estão alguns dos avanços empolgantes na pesquisa sobre demência em 2025.

1. Um teste sanguíneo para Alzheimer

Em maio, a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) aprovou o primeiro teste sanguíneo para detectar sinais de placas de beta-amiloide e emaranhados de tau —os marcadores biológicos da doença de Alzheimer— com mais de 90% de precisão.

“Acho que este biomarcador sanguíneo vai realmente revolucionar como diagnosticamos, quem pode ser diagnosticado e quem está fazendo o diagnóstico”, diz Kristine Yaffe, professora e vice-presidente do departamento de psiquiatria da Universidade da Califórnia em São Francisco.

Por cerca de uma década, os médicos podiam medir o beta-amiloide com neuroimagem PET ou indicações de formação de placas com uma punção lombar que coleta líquido cefalorraquidiano. Mas “os exames PET são caros, e as punções lombares são invasivas”, diz Petersen. O novo teste sanguíneo pode ser administrado por um médico de atenção primária e representa o que alguns estão chamando de “democratização dos testes diagnósticos da doença de Alzheimer”, diz ele.

Os especialistas esperam que o teste sanguíneo torne os diagnósticos de Alzheimer mais acessíveis, econômicos e disponíveis em áreas onde seria difícil receber um diagnóstico clínico devido à falta de especialistas médicos ou equipamentos.

Aproximadamente na mesma época da aprovação do teste sanguíneo, a Associação de Alzheimer produziu a primeira diretriz de prática clínica diagnóstica usando avaliações robustas da literatura científica e incorporando testes de biomarcadores baseados em sangue, diz Heather Snyder, vice-presidente sênior de relações médicas e científicas da associação.

O teste sanguíneo mede dois biomarcadores-chave da doença de Alzheimer. Um é o beta-amiloide, uma proteína que pode se dobrar incorretamente e criar placas pegajosas no cérebro. O outro é o p-tau217, uma versão anormalmente modificada da proteína tau que pode levar à formação de emaranhados disruptivos.

Muitos biomarcadores foram estudados, mas “p-tau217 parece ser o mais informativo em relação à probabilidade de a pessoa ter a biologia subjacente da doença de Alzheimer”, diz Petersen.

Pesquisas mostram que o biomarcador p-tau217 pode servir como um sinal de alerta para Alzheimer anos antes.

Detecção mais precoce significa mais oportunidade para tratamento e intervenção antecipados, seja com medicamentos ou mudanças no estilo de vida.

Embora o acúmulo de placas de beta-amiloide e emaranhados de tau seja uma característica do Alzheimer, um teste positivo não significa necessariamente que a pessoa tem ou desenvolverá Alzheimer. (Pesquisas descobriram que mais de 20% dos adultos cognitivamente não comprometidos com mais de 65 anos são positivos para amiloide.)

Melhorias nos diagnósticos, incluindo o teste sanguíneo, também podem ajudar a acelerar a pesquisa sobre tratamentos.

Ensaios clínicos direcionados a processos biológicos específicos podem inscrever com mais precisão pacientes que têm esses biomarcadores biológicos, diz Petersen.

No futuro, assim como fazemos testes de rotina para colesterol, poderíamos fazer um teste sanguíneo cobrindo diferentes biomarcadores para criar nosso perfil único para demência, que poderia então ser personalizado para tratamento, diz ele.

2. Intervenções no estilo de vida podem levar a uma melhor cognição

Em julho, o maior ensaio clínico de intervenção no estilo de vida nos Estados Unidos descobriu que abordar simultaneamente múltiplas áreas —nutrição, exercício, treinamento cognitivo, monitoramento de saúde— melhorou as medidas cognitivas dos participantes que estavam em risco de demência. Os participantes do grupo mais estruturado melhoraram mais do que aqueles que eram autoguiados.

O ensaio, conhecido como U.S. POINTER, foi “um grande momento” e “culmina décadas de pesquisa que realmente informaram a intervenção”, incluindo um ensaio anterior de intervenção no estilo de vida realizado na Finlândia, diz Snyder, uma das autoras do estudo POINTER.

O importante é que “existem maneiras de reduzir seus fatores de risco para ter a doença de Alzheimer e outras demências” e “realmente pode melhorar seu perfil de envelhecimento cognitivo”, diz Yaffe, que conduziu um ensaio menor sobre redução de risco personalizada em 2024.

Por exemplo, um estudo publicado em agosto sugeriu que pessoas que têm um risco genético mais alto de desenvolver Alzheimer porque carregam o gene APOE4 se beneficiam mais ao aderir a uma dieta mediterrânea.

Espera-se que o ensaio POINTER produza mais insights em breve.

Cerca de metade dos participantes se voluntariou para fazer neuroimagem, e dados sobre como essas mudanças no estilo de vida afetam o cérebro devem ser divulgados ainda este ano, diz Snyder.

3. Foco crescente na inflamação

Embora o beta-amiloide continue sendo um alvo da pesquisa sobre demência, os cientistas estão cada vez mais investigando o papel desempenhado pela inflamação no aumento do risco de demência.

“Alzheimer é uma doença complexa, e provavelmente não será uma abordagem única”, diz Snyder.

De fato, um estudo publicado em julho descobriu que pessoas com o gene APOE4 compartilham muitas mudanças em seu sistema imunológico, o que pode explicar sua suscetibilidade não apenas ao Alzheimer, mas também a outras doenças neurodegenerativas.

A inflamação e a disfunção imunológica perpassam muitos distúrbios neurodegenerativos diferentes, incluindo demência e Parkinson.

“Acho que um grande impulso agora é na imunomodulação para Alzheimer e outras doenças degenerativas”, diz Yaffe, falando sobre maneiras de modificar a atividade do sistema imunológico.

4. Vacinas podem reduzir o risco de demência

Uma maneira de modificarmos a atividade do sistema imunológico ligada à redução do risco de demência? Vacinas.

Recentemente, vários estudos em grande escala compararam os resultados de pessoas que receberam vacinas com aquelas que não receberam.

Juntos, eles fornecem evidências robustas de que as vacinas poderiam combater o risco de demência.

Em abril, um estudo publicado na Nature acompanhou mais de 280.000 adultos no País de Gales e descobriu que a vacina contra herpes-zóster reduziu o risco de desenvolver demência em 20% ao longo de um período de sete anos. Em junho, outro estudo acompanhando mais de 430.000 adultos descobriu que vacinas contra herpes-zóster e vírus sincicial respiratório (VSR) estavam associadas a um risco reduzido de demência.

Existem duas amplas hipóteses biológicas para explicar por que as vacinas estão ligadas à redução do risco de demência. Primeiro, as vacinas poderiam reduzir o risco de infecções, que foram associadas ao aumento do risco de demência. Segundo, a própria vacina pode ativar o sistema imunológico de maneira benéfica.

Esses dois mecanismos não são mutuamente exclusivos e ambos podem desempenhar um papel, dizem os pesquisadores.

Em agosto, um estudo publicado na Nature relatou que o metal lítio pode desempenhar um papel protetor no Alzheimer.

“A ideia de que o lítio é neuroprotetor existe há algum tempo”, diz Yaffe, que não esteve envolvida no estudo.

Em um cérebro saudável, o lítio ajuda a manter o funcionamento adequado dos neurônios. O carbonato de lítio também é usado para tratar o transtorno bipolar.

O estudo, que foi conduzido em camundongos, descobriu que as placas de beta-amiloide prendiam o lítio, tornando-o menos eficaz. E o baixo nível de lítio produziu um ambiente inflamatório no cérebro e foi marcado pelo acúmulo acelerado de placas de beta-amiloide e emaranhados de tau.

Os pesquisadores relataram que pequenas quantidades de orotato de lítio poderiam reverter a doença e restaurar a função cerebral, o que aponta para uma potencial terapia empolgante a ser testada em humanos.

“Acho que a justificativa científica é convincente e interessante, mas precisamos realmente avaliá-la no ensaio clínico para ver se pode ser terapeuticamente útil”, diz Petersen.

Autoria: FLSP

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